Angélica Morango, do ‘BBB 10’, fala de perrengues no OnlyFans: ‘Nudes não solicitados e preconceito’
23/05/2024
(Foto: Reprodução) 1ª mulher abertamente lésbica do reality, ela debateu sexualidade no programa e passou a produzir conteúdo +18 depois de escrever sobre o assunto: 'Sexo nunca foi um tabu pra mim' Ex-BBBs falam sobre trajetória em plataformas de conteúdo adulto
Angélica Morango entrou no “BBB 10” como a primeira mulher abertamente lésbica do programa. Seu discurso na edição a aproximou de um público interessado em debater sexualidade.
"Desde a minha participação no 'BBB', sempre senti que as pessoas têm uma liberdade enorme para conversar comigo", diz ela, em entrevista ao g1. "Sexo nunca foi um tabu pra mim".
Nesta semana, o g1 publica uma série de reportagens sobre ex-BBBs que complementam a renda produzindo conteúdo adulto na internet. Plataformas como Privacy e OnlyFans viraram as novas revistas eróticas? Por que elas atraem tantos ex-participantes de realities?
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Angélica Morango em foto publicada no Instagram
Reprodução/Instagram
Jornalista desde 2007, ela passou a escrever colunas sobre sexo e comportamento depois de sair do programa. Durante a pandemia, publicou textos sobre o OnlyFans, plataforma de conteúdo adulto, e acabou sentindo vontade de entrar na plataforma. "Pensei: por que não?", lembra.
"Se desse errado, eu escreveria sobre isso, seria uma experiência antropológica. Se desse certo, eu ganharia dinheiro."
Deu certo. Angélica não revela números, mas diz que há três anos a produção de conteúdo erótico é uma de suas principais fontes de renda.
Em sites como o OnlyFans, usado por ela, e o Privacy, é possível cobrar pelo acesso a fotos e vídeos sensuais e pornográficos -- seja estipulando um preço para cada um deles ou através de assinaturas. Geralmente, as plataformas ficam com 20% do rendimento e o criador embolsa o restante. Para ver o conteúdo da ex-BBB, é preciso pagar uma mensalidade de US$ 30 (cerca de R$ 150).
Segundo o Privacy, as mulheres criadoras de conteúdo chegam a faturar, em média, mais do que o dobro do que os homens no site.
Mas nem só de lucros é feita a experiência. Trabalhar com nudez na internet tem um preço. Angélica diz já ter lidado com seguidores desagradáveis. "Aconteceu de enviarem nudes não solicitados."
"O Only funciona como um Instagram. E, assim como no Insta, tem pessoas que chegam falando e mostrando coisas completamente aleatórias. No meu Only também, só que em menor proporção, com um 'approach' muito mais polido."
Ela também lida com o preconceito, inclusive dentro dos relacionamentos.
"Em relacionamentos, já aconteceu de a pessoa esperar muitos nudes o tempo todo, o que não faço. Ou de ter tanto preconceito e hipocrisia a ponto de não querer estar junto comigo com os amigos ou de mãos dadas."
Sem público é mais difícil
É comum se deparar com histórias de pessoas que dizem ter enriquecido com conteúdo erótico. Mas especialistas dizem que é preciso ter cautela.
Angélica Morango em foto publicada no Instagram
Reprodução/Instagram
"Se você não tem um público já construído, é muito mais difícil vender", explica a produtora e diretora de filmes adultos Mayara Medeiros, fundadora de um grupo de apoio a mulheres que trabalham com sexualidade.
Com perrengues e um mercado que já beira a saturação, a produção de conteúdo adulto exige planejamento, organização e, em alguns casos, investimento em marketing. Está longe de ser um conto de fadas, especialmente para as mulheres, que ainda sofrem com o preconceito.
"Se a pessoa está entrando com a intenção de fazer dinheiro, porque ouviu sobre esses valores inflacionados, mas ela não tem público nenhum, a chance de se arrepender é muito grande. No caso das mulheres, muitas ainda lidam com violência, xingamentos, e são excluídas da sociedade por trabalharem com sexualidade."
Angélica concorda que a área pode envolver riscos: "É possível fazer muito dinheiro produzindo conteúdo adulto? Sim. Com todos os riscos que envolvem qualquer aposta em qualquer área".
"Pode dar muito certo, mas pode não dar. Eu nunca romantizei, nem incentivei. O que acho fundamental pontuar, para esse ou qualquer tipo de trabalho, é: você se orgulha da sua escolha? Se não se orgulhar, não escolha."
Instagram para maiores
A página da ex-BBB no OnlyFans é como um Instagram para maiores: ela aparece em situações do dia-a-dia -- cozinhando, tomando banho, relaxando em casa... --, só que com nenhuma ou quase nenhuma roupa.
Angélica Morango em foto publicada no Instagram
Reprodução/Instagram
Quando abriu o perfil na plataforma, ela conta, decidiu que "postaria tanto nudes, de um jeito mais caseiro, quanto nudez artística, dessas que merecem uma moldura na parede".
"Cerca de 80% do meu público é masculino. É uma surpresa para mim, já que nas redes sociais é exatamente o inverso."
Nos últimos anos, com a popularização das plataformas eróticas, o trabalho com conteúdo adulto virou escolha comum entre ex-participantes de realities interessados em complementar a renda.
Além de Angélica, Nati Cassassola ("BBB 8" e "BBB 13"), Francine Piaia ("BBB 9"), Wagner Santiago ("BBB18"), Hadson Nery ('BBB 20'), Lumena Aleluia ("BBB 21"), Maria Bomani ("BBB 22"), Nizam Hayek ('BBB 24') e vários outros já criaram perfis em sites desse tipo.
Um representante do Privacy diz que adesão de ex-BBBs e outras celebridades ajuda a naturalizar a criação de conteúdo adulto e a atrair novos usuários, o que acaba aumentando os rendimentos também dos criadores anônimos. Lançada em 2020, a empresa já chegou a convidar e negociar parcerias diretamente com famosos, mas hoje não faz mais esse tipo de acordo.